Safras recordes e acentuada valorização das commodities agrícolas, como de grãos e açúcar, no mercado internacional têm amenizado a crise econômica brasileira. Em 2020, o agronegócio como um todo, incluindo cadeias de insumos, serviços e a indústria ligada aos produtos do campo, respondeu por 26,6% do PIB do país, maior patamar desde 2004, de acordo com informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz” (Esalq-USP). E, segundo estimativas, essa tendência deverá se manter em 2021.
Além disso, há o dólar valorizado, que garante maior lucratividade ao setor nas exportações. Porém, o crescimento da produção importa em proporcional aumento dos custos variáveis. E é aí, que reside o problema, uma vez que falhas no controle das despesas pode transformar lucro em prejuízo.
Em um segmento de concorrência perfeita como o agronegócio, no qual os produtos comercializados não se diferenciam, é extremamente importante trabalhar com custos reduzidos, já que quem define o preço é o mercado, evitando assim cair na perigosa “armadilha da commodity”. Em um segmento em que as margens de contribuições são extremamente baixas, o objetivo deve ser a maximização da rentabilidade, por meio de uma produção de alto volume, com o menor custo operacional possível.
É o caso do combustível, um insumo pesado na estrutura de custos, que muitas vezes escorre pelas mãos quando não controlado de forma eficiente. Hoje, com a escalada de preços desse insumo, qualquer desvio pode significar uma grande perda.
Em 2021, até abril, a inflação acumulada foi de 2,37%, enquanto no mesmo período o preço médio do óleo diesel registrou aumento de 34,1% e da gasolina de 40,7% nas refinarias. A elevação foi motivada pela desvalorização do real e elevação dos preços internacionais do petróleo e seus derivados, também commodities, no mercado externo, com reflexos diretos nos preços internos.
A importância do controle fica nítida quando tomamos a participação do óleo diesel na matriz de custo do agronegócio. Em 2018, simulação realizada pela Esalq-USP mostrava que o impacto do combustível em uma viagem de 1 mil km no transporte de grãos, por exemplo, já era de 38,4%; em 2021, a instituição, considerando a mesma situação, revela que esse gasto já pode representar até 50% dos custos totais do transporte. Se forem considerados os gastos relacionados aos demais processos envolvidos na atividade, como os de cultivo e colheita, os números crescem ainda mais. E isso sem contar o consumo representado pelos veículos da frota leve, movidos a etanol e gasolina, produtos cujos preços também tiveram majoração significativa este ano.
Hoje, o combustível tem alta representatividade na produção agrícola. Assim, como um insumo de peso elevado, necessita ser controlado de forma precisa, de forma a evitar perdas e desvios que, segundo especialistas, podem chegar a 10% dos custos totais com transporte.
Numa comparação com a própria agricultura: da aragem e adubagem da terra, semeadura, irrigação e demais cuidados, tudo tem um momento preciso para uma colheita farta e de acordo com o previsto no projeto inicial. Um único atraso ou descuido podem comprometer a vida, a qualidade do plantio e até mesmo a perda da safra. Mas, neste caso, há variantes imponderáveis como as climáticas, por exemplo, que estão fora do controle do gestor.
Já quanto aos combustíveis, os modernos meios de controle disponíveis praticamente contemplam e eliminam todas as variáveis em que as perdas – da estocagem ao abastecimento – podem ocorrer. Veja como.
Da base ao tanque
Os riscos têm início antes mesmo do descarregamento do caminhão-tanque (ou carreta) nos postos de abastecimento internos da propriedade rural. No trajeto entre a base de distribuição e o destino final podem ocorrer as chamadas perdas por transferência, influenciadas por variáveis como temperatura e evaporação, derramamento involuntário do produto e retirada não autorizada (ou seja, fraudes). Estas ocorrências não estarão registradas na nota fiscal, não espelhando o volume que, de fato, foi despejado pela base no tanque de armazenamento de combustíveis da fazenda. E essas discrepâncias dificilmente poderão ser detectadas por sistemas manuais de medição do volume de produtos no tanque.
Com isso, haverá diferenças entre o estoque real e o registro contábil, teórico, e o produtor agrícola pagará por parte do combustível que não recebeu. Além disso, fica difícil precisar a quantidade que, na realidade, está no tanque da fazenda ou cooperativa.
Outro ponto para escape de combustíveis é o momento do descarregamento. Se os tanques não tiverem sido aferidos cuidadosamente, pode ocorrer transbordo e desperdício de produto, derramado no pátio de abastecimento. Isso sem contar os riscos de acidentes e de contaminação do meio ambiente e as sanções legais decorrentes de eventos dessa natureza, que também se convertem em perdas financeiras.
Pior ainda, a falta de um sistema de medição preciso, pode levar a uma pane seca, com o combustível acabando antes do tempo. E, para evitar atrasos na entrega de mercadorias, neste caso produtos agrícolas, muitos dos quais altamente perecíveis, resta ao gestor recorrer a um posto comercial de revenda de combustíveis, onde os preços são mais altos – em função de margens agregadas e carga tributária mais elevada –, e o pagamento, na maior parte das vezes, tem de ser à vista. Mas, não há tempo: menos ruim arcar com o prejuízo do que perder a entrega. Mas o resultado financeiro, de qualquer maneira, já está comprometido.
Armazenamento
No armazenamento dos combustíveis existem riscos associados a vazamentos. Tanto em tanques quanto em tubulações, essas perdas são, por vezes, imperceptíveis. Mas, ao longo do tempo, com o acúmulo do combustível no solo (e até a contaminação do lençol freático), representam riscos à segurança e ao meio ambiente, e custos inesperados ao empreendimento.
Os vazamentos ainda podem ser causados por falta de proteção adequada nos equipamentos, que, quando produzidos com materiais sujeitos a corrosão, encontram-se expostos a intempéries e a acidentes, ou, no caso dos tanques subterrâneos, à deterioração pela ação da umidade e do solo.
Ainda no armazenamento, as possíveis retiradas indevidas de produtos (leia-se fraude) podem representar perdas significativas na gestão do combustível.
A ausência de sistemas eficientes de medição de tanques e tubulações, que detectem instantaneamente vazamentos, mesmo quando insignificantes, variações suspeitas e possíveis saídas indevidas de combustíveis, impede que o problema seja identificado e solucionado de imediato, acarretando perdas e baixa eficiência na gestão do combustível.
Abastecimento
Bomba descalibrada ou fraudada, derramamento ao abastecer um veículo da frota e abastecimento irregular de veículos que não fazem parte da frota são considerados como principais pontos de perdas nessa fase da movimentação dos combustíveis. Como outros já mencionados, esse extravio de combustível permanecerá oculto e não será contabilizado, a menos que a empresa conte com um sistema preciso de monitoramento das informações sobre a movimentação e o armazenamento do produto. Registros anotados em planilhas e sistemas manuais de medição são pouco confiáveis, pois falhas humanas nem sempre podem ser evitadas.
Entre essas falhas, ainda pode ser citado o manuseio incorreto das mangueiras e dos bicos das bombas por colaboradores descuidados ou mal treinados, com possibilidade de derramamento de produtos e danos aos equipamentos.
E, se pensarmos no agronegócio, a presença dos abastecimentos por caminhões-comboios, popularmente conhecidos como “melosas”, faz parte do dia a dia. Nesse tipo de operação, os riscos e possibilidades de perda aumentam exponencialmente, caso não se tenha uma metodologia ou um sistema preciso de controle dos abastecimentos realizados por esse posto móvel. Sim, o comboio é um posto de combustível sobre rodas e todos os riscos citados acima, como perdas de transferências, armazenamento, evaporação e vazamentos, retiradas indevidas e desvios no abastecimento estão presentes e, de alguma forma, com seus riscos de ocorrência potencializados pela natureza da operação.
É de suma importância tratar o caminhão-comboio com, no mínimo, o mesmo critério de eficiência de gestão adotado no posto de abastecimento fixo. Ao não fazer isso, o gestor está cometendo um pecado capital no seu processo de controle de combustível. Não tenha dúvida, a conta vai chegar e poderá sair mais cara do que você possa imaginar.
Gestão das informações
Ainda hoje, equipamentos antigos, lentidão no abastecimento da frota, medição de tanques com equipamentos rudimentares e controles mediante preenchimento manual de planilhas predominam no parque rural de abastecimento instalado no Brasil, em especial nas pequenas propriedades agrícolas.
O que dizer da precisão dessas informações? São confiáveis? A resposta é: não. Falhas e desvios, como os relacionados acima, podem fazer toda a diferença na gestão de combustíveis no agronegócio e também nos seus resultados financeiros, mesmo considerando uma safra recorde, que, por sua vez repercute nos custos.
Ao utilizar equipamentos e formas de controle obsoletos, você consegue afirmar, com certeza, o volume recebido na última entrega, a quantidade exata que estava no tanque do empreendimento naquele momento, quantos e quais veículos foram abastecidos em um mês, qual o consumo de cada um deles e se o volume de combustível adquirido naquele mês é igual ao volume consumido pela sua frota?
Sem a exatidão das informações fica bem difícil tirar proveito dos dados para garantir maior eficiência na gestão do combustível e da frota, com menos perdas, e, em consequência, maior economia e produtividade na atividade.
Tecnologia é investimento, não custo
Mas todas essas respostas poderiam ser dadas em alguns cliques, se essa gestão fosse automatizada. Tecnologia tem de ser vista como investimento, não como custo, uma vez que a despesa com sua implantação será rapidamente amortizada com a redução das perdas (lembre-se que estas podem chegar a 10% dos custos com transporte!) e o aumento da eficiência na gestão dos combustíveis e da empresa. E se engana quem pensa que os custos são estratosféricos, pois os valores dessa modernização são inferiores aos que você imagina.
Mas, voltando à questão do gerenciamento das informações. A qualidade do seu controle é proporcional à qualidade da geração de dados na pista de abastecimento. Todavia esta não depende exclusivamente de um eficiente sistema de automação; precisa estar respaldada por infraestrutura adequada.
A qualidade e a precisão têm de estar presentes em todas as etapas do ciclo de movimentação e estocagem: medição da descarga de combustível, monitoramento do estoque (com o uso de sensores) e dos abastecimentos e registro dos dados.
Então, pronto para colher o máximo de lucratividade da sua safra? Para empreendimentos agrícolas de qualquer tipo e dimensão nossos técnicos têm a solução mais adequada para gestão de combustíveis. Vamos conversar?